Refração em Tabelas Náuticas e Mapas celestes

Todo navegador está familiarizado com a necessidade de corrigir as observações de altitude do sextante para o efeito da refração atmosférica por meio das tabelas dos almanaques náuticos. Ao longo dos séculos, um grande número de estudos empíricos ocorreram no sentido de atingir o maior grau de precisão nestas tabelas, o livro A history of western astronomical almanacs fornece uma visão geral sobre o tema.

Página do “Almanach Perpetuum” de Abraham Zacuto (1452 – 1515)

As tabelas de refração não apareciam nos almanaques náuticos antigos e não eram utilizadas pelos marinheiros. Consequentemente, todas as medições dos quadrantes de baixa altitude no mar estavam sujeitas a um erro sistemático, as tabelas náuticas se tornaram substancialmente mais precisas quando receberam correções de inclinação do horizonte, refração e paralaxe a partir do trabalho de Edward Wright, descrito em seu livro de 1657 “Certain errors in navigation detected and corrected” que inclusive serviu de apoio para que Willebrord Snellius, (responsável pela lei de Snell) desenvolvesse seu tratado de navegação “Tiphys Batavus

Quando ocorre 1′ de erro na altura, o resultado é igual a 1 milha de erro na linha de posição obtida, isto é, os erros cometidos na observação ou na correção das alturas dos astros transmitem-se em verdadeira grandeza para as LDP ( Linhas de posição) correspondentes.

O vasto registro de observações da posição dos objetos celestes ao longo da história permitiu que a refração fosse determinada, e posteriormente modelada pelos parâmetros de temperatura e pressão. Além do trabalho de Tycho Brahe, muitos outros astrônomos anteriores e posteriores elaboraram tabelas, mesmo com a precisão comprometida pela tecnologia de sua época, serviram de base para o aprimoramento comparativo das diversas observações ali registradas.

Linha do tempo dos principais registros observacionais de objetos celestes:

A posição geométrica dos corpos celestes são previstas levando em conta sua posição real no céu, e, dependendo da altitude do objeto celeste, a refração deve ser computada pelo navegador para a devida correção da posição.

Do final do século 17 em diante as tabelas de correção da refração foram inseridas nos almanaques náuticos.

Página do “Nautical Almanac 1978” mostrando a tabela de correção de refração para a altitude do objeto celeste em relação a temperatura e pressão.
Trecho de uma página do American Practical Navigator-1888 mostrando a aplicação da correção refrativa em virtude da temperatura e pressão.

Refração nos mapas celestes por software

As atuais cartas celestes e seus respectivos aplicativos consideram um valor de refração padrão para seus cálculos.

O site https://www.timeanddate.com relata em sua página:

https://www.timeanddate.com/astronomy/refraction.html

O programa “Stellarium” leva em conta a refração padrão, porém é possível alterar os parâmetros para valores localizados.

Valores da refração padrão do Stellarium:
Pressão atomsoférica de 1013 mbar
Temperatura de 15 ° C
https://sites.google.com/site/stellariumuserguide/sky-and-viewing-options#TOC-Refraction-Extinction-Settings

O programa “Cartes du Ciel” relata em seu manual:

http://www.ap-i.net/pub/skychart/doc/doc_4.0_en.pdf

Certain errors in navigation detected and corrected

Comparação de Métodos de Segunda Ordem Para Determinação da Posição Geográfica

Astronomia de Campo

A Celestial Analytic Positioning Method by Stellar Horizon Atmospheric Refraction

Astronomical Refraction at Low Altitudes in Marine Navigation

Astronomia de Posição

Introdução à Astronomia de Posição

https://tucannus.com.br/wp-content/uploads/2017/05/49.pdf

https://sites.google.com/site/catalaocml/home/nav-astronomica-1/nav-astronomica