200 provas que a Terra não é plana (1-7/200)

Este e os arquivos subsequentes da série 200 provas que a Terra não é plana são a tradução do trabalho de Qaspar que, infelizmente, perdeu o domínio mas que pode ser encontrado em seu original no WebArchive.

Para evitar que este trabalho desapareça e para que esteja acessível em português e possa ser utilizado como referência quando o trabalho de um certo terraplanista que alega ter 200 provas que a Terra não é um globo for citado.

Debunking Dubay – 1-7/200

Olá a todos.

Este blog é uma resposta direta ao vídeo de Eric Dubay “As 200 provas de que a Terra não é uma bola giratória”: https://www.youtube.com/watch?v=h5i_iDyUTCg

Eu passei algum tempo discutindo esse tema no Youtube. O que me levou a fazer este blog foram duas coisas:

  • Ignorância perpétua de evidências contra a Terra plana apresentadas por vários comentaristas;
  • Um comentário perguntando “Você pode refutar essas 200 provas?”

Depois de alguma pesquisa, eu acredito que eu possa. Já há diversos vídeos por aí apontando e refutando diferentes partes do vídeo de Dubay. Eu tentei coletar essas respostas e refutar cada um dos pontos citados do começo ao fim. Eu também tentei permanecer o mais polido possível, ao que eu tenho que admitir que, dada a qualidade de certos pontos, eu algumas vezes achei isso um pouco difícil… Algumas dessas observações são na verdade bem interessantes e podem ser uma boa motivação para qualquer um (como foram para mim) para sair e pesquisar por conta própria.

De qualquer maneira, eu espero poder responder cada uma de suas questões e em alguns pontos chegar à rais do que causa a chamada “conspiração da Terra plana”.

Aqui vão os primeiros 7:

#1Premissa falsa e incompreensão do modelo.

A forma do horizonte é de fato totalmente dependente da altitude e da escala. Isso é facilmente provado desenhando-se um círculo e medindo:

  • as ângulos aparentes dos campos de visão em uma esfera proposta;
  • O raio do horizonte visível em uma esfera de diferentes altitudes de observação, sem qualquer topografia.

Todas as mensurações são comparadas com uma bola de basquete (“BE” = Equivalente a uma bola de basquete com 750mm de circunferência):

5km (0.009cm BE): 175.5° FOV, r≈250km 
Mount Everest @ 8848m (0.017cm BE): 174°, r ≈335km (Atenção! Sem os Himalaias em volta!) 
10km (0.019cm BE): 173.6°, r≈356 km 
20km (0.037cm BE) 171.0°, r≈500 km 
45km (0.084cm BE): 166.4°, r≈750km 
Para comparação: ISS @ 425km (0.796cm BE): 139.3°, r≈2200km. Isso significa que a ISS pode olhar somente um pouco mais do que 1/3 do raio da Terra. 
Moon @ min 363000 km (680 cm BE): 1.98°, r≈6370km 

Aqui está o quão longe você pode ver desde o Monte Everest se você não tem Himalaias em torno e você está ao invés olhando para um horizonte ao nível do mar (os pontos D e E marcam o horizonte):

Na segunda imagem temos um modelo 3D da Terra com nosso observador em um avião a 10km de altura, novamente em condições perfeitas (sem obstrução da atmosfera, vista panorâmica de 360º, horizonte ao nível do mar). Seu campo de visão da Terra é o círculo verde:

Eu também encontrie um vídeo que explica como fazer esses cálculos com um pouco mais de detalhe:

#2 – Premissa falsa.

a) Em uma Terra plana, o horizonte não poderia estar perfeitamente ao nível dos olhos, porque a linha de visão e a superfície deveriam ser paralelas. Portanto, o campo de visão aparente na Terra sempre deve estar abaixo de 180 °. 
b) Verifique em #1 do motivo pelo qual (geometricamente) em uma Terra esférica o horizonte sempre DEVE parecer estar no nível dos olhos. Mesmo no Monte Everst (se você achatou o Himalaia completamente), teria que olhar menos de 3 ° em cada direção. No entanto, existem os Himalaias. O vídeo acima (#1) também explica por que (geometricamente) de um avião a 12 km acima do oceano, mesmo o observador de olhos de águia deve ter muita dificuldade para ver qualquer tipo de curva.

#3 – Suposição falsa.

Em pequenas escalas, a água não mantém seu nível devido à tensão superficial. É por isso que gotas d’água que caem formam esferas. Em longas distâncias, a água nunca está sempre nivelada na terra. Exemplo: Marés. Além disso, se você negligenciasse um lago perfeitamente nivelado a partir de uma elevação de 50m em perfeitas condições, era possível ver a ~ 50 km de distância, com o horizonte aparecendo 0,225 ° abaixo do nível dos olhos. Não há como seus olhos perceberem algo próximo a uma curva. Isso é perfeitamente consistente com o nivelamento da água perpendicular ao centro da Terra.

#4 – Incompreensão do modelo.

Sim, os rios correm em direção ao nível do mar, mas o nível do mar é definido como uma esfera ao redor do centro da terra. Em nenhum momento da Terra os rios fluem “para cima”, de acordo com essa definição. Somente eventos de força alta, muito rápidos (e de pequena escala) ou extremamente excepcionais, como enchentes ou tsunamis, desafiam esse princípio por curtos períodos.

#5 – Premissa falsa.

Novamente, não existe um longo trecho na terra onde qualquer rio flua para cima em condições normais. Aqui está um diagrama mostrando a elevação do Nilo:

A alegação de uma queda de um pé acima de 1000 milhas é apenas falsa.

#6 – Mentira deslavada

Qualquer experimento realizado com controles adequados (ou seja, eliminação da refração como fonte de erro) mostra uma terra curva. Nenhuma delas mostra nenhuma curvatura. Pergunte a qualquer inspetor certificado ou tente você mesmo. O experimento mais citado é o Experimento de Nível Bedford (nº 62). Ele foi repetido várias vezes com controles adequados e falsificado todas as vezes. Olhe aqui:

#7 – Premissa falsa e incompreensão da escala.

Arquitetos e engenheiros fazem isso em projetos de grande escala. Pergunte a qualquer arquiteto / engenheiro ou procure a Humber Bridge ou qualquer outra ponte grande:

https://en.wikipedia.org/wiki/Humber_Bridge

Isso não acontece em nenhum outro projeto, porque não há motivo. Para qualquer edifício ou estrutura modular projetada, a curvatura é pequena demais para ser levada em consideração. E, por favor, gostaria de ouvir UM ÚNICO agrimensor certificado que NÃO leva em consideração a curvatura. Eles o fizeram com sucesso por centenas de anos e continuam a fazê-lo. Vejamos os suíços:

http://www.swisstopo.admin.ch/internet/swisstopo/en/home/topics/survey/faq/curvature.html

Ou os britânicos:

https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Trigonometrical_Survey 

Ou os alemães: 

https://en.wikipedia.org/wiki/Theorema_Egregium